domingo, 11 de dezembro de 2011

Mulheres superando preconceito e discriminação. O crescimento e a valorização profissional.
Abaixo veremos uma entrevista com a jornalista Glória Maria, relatando que já sofreu e ainda sofre preconceito.
Um dos maiores  referenciais na história da TV brasileira, Glória Maria foi a primeira repórter negra da televisão e colecionou conquistas até chegar ao comando do “Fantástico”, principal programa jornalístico da TV Globo. No Dia da Consciência Negra, a jornalista relembrou sua trajetória de luta e conta como venceu o preconceito com muito trabalho.
Ao ser questionada se já sofreu muita discriminação, Glória afirma que sim, mas evita falar sobre episódios específicos, como a vez em que foi barrada na entrada de um hotel de luxo do Rio, na década de 70, e teve grande repercussão na época. Ela também relembra que foi uma das primeiras pessoas a usar a lei contra o racismo para se defender.
Qual a importância da Semana da Consciência Negra?
Glória Maria:
A consciência de ser negro é uma coisa que temos que ter todos os dias, 365 dias ao ano. Não é só em um dia. Mas a data é importante para refletir, já que temos uma vida cada vez mais corrida e temos que ter um tempo para parar e pensar no que somos e por que estamos aqui. A gente tem que discutir, tocar na ferida. Tento passar essa consciência para as minhas filhas, para mostrar quem elas são.

Você acha que a sociedade está evoluindo quando ao preconceito?
Glória Maria:
As políticas existem, mas preconceito não se muda com lei. A lei só pode intimidar, mas não muda o sentimento. Também não podemos roubar e matar, mas tem várias pessoas que fazem isso. Todos sabem que o preconceito é um sentimento mesquinho, mas não deixam de sentir por isso. Ele continua como sempre foi: velado. Só que as pessoas hoje em dia tem mais pudor, medo de serem recriminadas. Está só mais disfarçado. Apesar de tudo, é importante que as leis existam.

O que pode ser feito para melhorar essa situação?
Glória Maria:
A situação melhora com cultura, educação e conscientização para todos. Mas, na verdade, só quem pode mudar isso é o próprio negro, que tem que saber se modificar internamente. Tem que se dar o valor e não se olhar com pena. Nem usar a cor como justificativa para as suas falhas. A conscientização tem que começar na gente. Temos que saber nosso valor e nosso poder.

Você já sofreu preconceito?
Glória Maria:
Já sofri várias vezes e sofro até hoje. A diferença é que as pessoas hoje tem mais cuidado porque sou uma pessoa pública.

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